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sexta-feira, 22 de julho de 2011
Diretor de filmes sobre o negro participa de projeto em Ribeirão
Por: Régis Martins
26/10/2010
Cineasta Joel Zito, de ‘As Filhas do Vento’, fala ao A Cidade sobre colonialismo, preconceito e a falsa democracia racial que prevalece no país
Para o professor, cineasta e roteirista Joel Zito Araújo, a questão racial é um assunto pessoal. Filho de mãe negra e pai branco, Joel, criado numa família de classe média, passou a infância e adolescência tentando esconder suas raízes africanas. "Para mim, foi difícil assumir minha ascendência negra. Mas, quando percebi o erro, resolvi abraçar a causa de uma forma contundente", comenta, em entrevista por telefone, do Rio de Janeiro, onde vive.
Desde os anos 1980, o cineasta, que participa nesta quarta-feira do projeto Prosa dos Saberes em Ribeirão Preto, dirige filmes que têm como tema central a presença do negro na sociedade brasileira. Foi um dos primeiros a tocar em assuntos que mostram que o tal ‘racismo cordial’ aqui dos trópicos deixa marcas profundas em nossa identidade.
Filmes como os documentários "Retrato em Preto e Branco", "A Negação do Brasil" e o longa-metragem "As Filhas do Vento" são os destaques em sua filmografia. Porém, o cineasta garante que não é o pioneiro no assunto. "Antes de mim, houve Zózimo Bulbul, com documentários como Alma no Olho e Abolição", ressalta.
Mas, ao contrário do também ator Zózimo, que não dirige mais, Joel segue firme atrás das câmeras. Sua obra mais recente é o documentário "Cinderelas, Lobos e um Príncipe Encantado", lançado em 2009. Numa viagem pelo Nordeste brasileiro e pela Europa, na Itália e Alemanha, o diretor discute o sonho de várias mulheres brasileiras que buscam encontrar um marido europeu.
O diretor conta que, num primeiro momento, queria tratar do turismo sexual no Nordeste. Porém, resolveu ampliar seu foco ao descobrir que quase 70% das meninas que entravam neste mundo eram negras. Joel também descobriu que o ideal dessas meninas era casar com um verdadeiro príncipe encantado.
"Encontrei essas mulheres na Europa e constatei que todas tinham o mesmo sonho de qualquer pessoa. Ou seja, viver num país mais igualitário, organizado, com casa, comida e segurança", afirma o diretor, que é também curador e organizador de várias mostras de Cinema Negro no Brasil.
Telenovela
Um dos trabalhos mais famosos do cineasta, além do premiado "As Filhas do Vento", é "A Negação do Brasil", um documentário que traz à tona a luta dos atores negros pelo reconhecimento de sua importância na história da telenovela brasileira. O filme conta com depoimentos de artistas como Milton Gonçalves, Ruth de Souza, Léa Garcia, Zezé Motta e Maria Ceiça.
O documentário trata do racismo no veículo mais popular do país: a televisão. Porém, Joel acredita que toda a mídia nacional ainda está infectada pelo preconceito.
"A TV, o cinema, a publicidade e muitas revistas absorveram um elemento colonialista no qual não superamos até hoje. A visão de que o negro representa o atraso e o branco representa a superioridade", analisa.
O diretor afirma que no Brasil ainda resiste o ‘inconsciente cultural’ que influencia nossa busca pelo ‘embranquecimento’. Prova disso é que o padrão de beleza no país não foge dos clichês europeus, quase ‘arianos’. Mas Joel diz que nem tudo está perdido e que muita coisa mudou. E para melhor.
"A sociedade tem dado alguns passos à frente. Até porque hoje em dia, a circulação de mais pessoas por todo o mundo põe por terra visões provincianas. Vivemos num mundo com maior diversidade", ressalta.
Serviço
Prosa de Saberes
Quarta, no Auditório da Biblioteca Padre Euclides, às 19h
Rua Visconde de Inhaúma, 490 - 1º andar
Entrada gratuita
Inf.: (16) 3625-6161 ou 3625-6970
Site: http://www.ceert.org.br/noticiario.php?id=649
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