Para o conhecimento, não há limites.
Para a arte, não há fronteiras.
E para quem faz da arte um caminho
para o conhecimento,
todo dia é dia de ampliar
os limites do que já se conhece.
Célia Ferrer
NOSSO POVO, NOSSA ARTE, NOSSA GENTE
A arte está presente em cada momento de vida dos povos indígenas no mundo todo. Em cada objeto, em cada ritual, em cada gesto, a arte surge, expressão de força e conexão com o mundo mítico e espiritual .
A beleza está presente como atributo divino. Não importa se a pintura trabalhosa e detalhada feita no fundo da panela vai ser queimada assim que ela for ao fogo.
A pintura não precisa permanecer para justificar sua beleza. Ela é, no presente, como expressão necessária. Dá sentido ao ato criativo de transformar o barro em cerâmica.
Cada povo tem sua habilidade e forma de materializar em objetos de arte as necessidades do dia a dia ou dos rituais. A arte plumária ainda é a mais conhecida e admirada por sua exuberância e riqueza.
Quase todos os grupos indígenas utilizam plumas em combinações as mais variadas para construir peças rituais de significados e usos diversos. O clã a que pertence o dono do adorno, sua ligação familiar, sua posição dentro da cerimônia, muitas são as informações contidas no arranjo das plumas. Muitos conceitos e mensagens podem ser decodificados por quem está dentro da tradição.
A cerâmica, a cestaria, os instrumentos musicais, os pequenos adornos, a arquitetura, os bancos zoomorfos esculpidos em madeira, toda a cultura material dos povos nativos está carregada de princípios e objetivos, de valores estéticos e sociais. O talento dos artistas está a serviço da manutenção da tradição do povo, da continuidade de sua identidade.
Como se sabe, os primeiros artistas deste país têm uma produção intensa, uma vez que neste universo a arte não se separa do fazer diário. Ela se constitui, se faz, se configura no dia-a-dia como parte das atividades cotidianas que nos aproximam e nos distanciam dos outros animais.
Há os que dizem que não é arte e sim artesanato por estar associada a objetos utilitários. Sem entrar no mérito das classificações e/ou denominações, o fato é que, seja nos adornos, na cestaria, na tecelagem, arte plumária, na madeira, sua arte enche os olhos.
A dança é um ritual que envolve a arte da pintura e de máscaras. Marca o ritual e é feita de passos fortes, bem marcados, e em circulo, pois o círculo não tem cima nem baixo, ou seja, todos "são iguais" na dança.
Cada dança tem um significado e uma intenção, tem dança da chuva, dança pra chamar os bons espíritos e levar os ruins da aldeia, dança dos macacos, dança de homenagem aos seus ancestrais, por exemplo.
Essa é uma relação muito importante entre o corpo e o espírito. Dependendo da tribo, o ritual é feito de forma diferente e a dança também muda, em muitas delas, a dança serve como preparo físico começando com os primeiros raios do sol e se estendendo por muitas horas.
Por isso é difícil especificarmos com detalhes cada dança.
A maioria das danças ainda é feita em volta da fogueira, principalmente a que é contra espíritos ruins. A dança também é comemorativa, em festas da tribo a comemoração é a dança e também é uma diversão para todos os indígenas.
A dança é uma forma muito forte de preservação da identidade cultural indígena, pois existem cantos, rítmos e segredos culturais que só são repassados aos índios em determinada idade, pelos mais velhos, quando ocorre os chamados "rituais de iniciação". Cada passo, cada gesto tem um significado que precisa ser repassado para ser preservado.
Vários pintores brasileiros retrataram índios e seu modo de viver, mas aquele que fez isso com maior realidade, num Brasil ainda bem "novinho", foi um holandês chamadoAlbert Eckhout, que veio para o Brasil a convite de Maurício de Nassau.
Então, vejamos...
Na última viagem que você fez, você tirou fotos? Filmou? Escreveu um diário? Mandou cartão postal? E quem estava com você, achou importante fotografar as mesmas paisagens que você?
Índia Tapuia, Albert Eckhout, 1641, óleo sobre tela |
No Brasil colônia do século 17, sem máquina fotográfica, pintores europeus utilizaram sua criatividade para retratar um mundo que, para eles, era exótico, diferente.
Observe o quadro ao lado, que exemplifica este olhar europeu, e responda: o que a índia está fazendo? O que ela traz no cesto? Como está vestida?
Antropofagia
Na imagem podemos ter algumas idéias sobre como os europeus viam o Brasil e os povos que viviam aqui. A antropofagia (consumo de carne humana) se faz presente, de forma assustadora.É como se para os índios fosse tão comum carregar frutas num cesto quanto partes de corpos humanos a serem comidos. Hoje, entretanto, sabe-se que a antropofagia não era assim tão corriqueira e, geralmente, fazia parte de rituais. Mesmo assim, era uma idéia assustadora para o colonizador.
A nudez dos índios
Assim como a antropofagia, a nudez era embaraçosa para os europeus. A maior parte dos grupos indígenas do território brasileiro, andavam nus - o que era um problema para o colonizador cristão europeu.Daí o motivo de a genitália da índia ter sido representada coberta por uma folha, da mesma maneira que eram representados Adão e Eva - uma indicação de que, para os europeus, o novo mundo era o paraíso.
Brasil: século 17
A colônia passava por transformações. A principal fonte de riqueza era a cana-de-açúcar e Portugal estava sob o domínio espanhol.Nessa época, aconteceu no Brasil a invasão holandesa no Nordeste: 1624 na Bahia e 1630, em Pernambuco. Os holandeses permaneceram por lá 24 anos.
Vieram também muitos pintores da Holanda com a tarefa de retratar a paisagem e o povo brasileiro. Verdadeiros "repórteres" do século 17, pintavam tudo o que viam: pessoas, paisagens, animais e moradias.
Dentre eles, destacam-se Frans Post e Albert Eckhout, que viveram no Brasil entre 1637 e 1644.
Carro de bois, Frans Post, 1638, óleo sobre tela |
Descende de uma escola paisagista holandesa, segundo a qual as pinturas são ricas em detalhe e as imagens são retratadas desde uma perspectiva distante.
Post deixou mais de 100 pinturas retratando a mata, a cidade e os engenhos.
Abacaxi, melancias e outras frutas, Albert Eckhout, s.d., óleo sobre tela |
Diferente de Post, Eckhout procurava desenhar figuras vistas de perto. Sua técnica para pintar naturezas-mortas era inovadora para o século 17.
Algumas de suas obras foram transformadas em tapeçarias por artesãos da corte de Luís 14 (França).
Então vá direto pra Pintar o 7/ desenhar o 8 e
divirta-se!!!!!
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